Hoje vou seguir um estilo mais próximo da
Toca do Lobo Negro, então espero que aproveitem o conto.
Mais uma vez não lembro quando foi que escrevi isso, mas lembro que foi incentivada pelo Ton, para tanto um clique dele com efeitos um pouquinho mais tensos por mim...
Quem?
A
garota estava sentada num cantinho, olhar perdido ao longe, nem percebeu ele se
aproximando. E ele tinha um cheiro forte, não ruim, somente forte. Ao se
abaixar do seu lado o som das roupas leves de verão fizeram ela se assustar.
- E quem foi que disse isso? – falou sem se preocupar em
perguntar qualquer outra coisa antes.
- A pergunta correta é: Quem é você, estranho? – o tom de
voz dela era amargo, contido. Ele continuou em silêncio com aquela expressão
interrogativa. – Nunca lhe ensinaram que não se deve falar com estranhos?
- Torno a dizer: E quem foi que disse isso? E por acaso
isso que você está fazendo não é falar? – A jovem ficou atônita. Ele riu. –
Sim, é bom fazer isso, né?
E do mesmo modo que veio, ele se foi. Daniela ficou
observando aquele homem, alto, corpo esguio, de calças cargo e regata de malha,
o cabelo preto amarrado pra trás. Ela repetiu pra si mesma: “Isso, memorize-o
para sair de perto numa próxima vez”.
A próxima vez não tardou a acontecer, e as atitudes dela
foram fieis aos seus princípios. Ele sentou ao seu lado num barzinho, ela
levantou e saiu, não se despediu de ninguém, nem olhou pra cena que se formava
na mesa com as amigas gritando com o cara.
Mas só isso não bastou, ele chegou nela com a mesma
pergunta.
- E quem foi que disse isso? – um silêncio mortal se
instalou entre os dois. – E quem foi que disse isso? – Quando não houve
resposta ele resmungou. – Não falar com os outros também é errado.
Ela olhou bem fundo em seus olhos, eram escuros e pareciam sugá-la
com toda aquela expressão, todo o rosto parecia uma máscara trabalhada para
transparecer as suas intenções, e a do momento era: “oi, fale comigo.” Daniela
virou o rosto e ignorou tudo, não vai haver mais chances.
Era tarde, todos já tinham saído. Ela continuava sentada.
- E quem foi que disse isso?
Daniela não contou tempo, já sabia qual era o rosto, já
sabia a expressão, já decorara o perfume.
- A puta que te pariu! – gritou fazendo o ambiente ressoar.
O homem caiu na gargalhada, se dobrava de tanto rir. E a
raiva dela só aumentava.
- Finalmente uma reação digna, valeu espreitar tanto! – ele
ainda ria um pouco.
- Okay, você venceu! Agora diga seu nome e me deixe em paz!
- Victor, a seus serviços. – Ele fez uma firula digna de
peças teatrais. – Você ainda vai chamar por mim no meio da noite...
Então ele saiu. E ela sentiu o peso do ambiente.
Como se fosse uma profecia, o carro dela pifou no meio da
noite, sem dúvida num lugar pouco movimentado. Com a bolsa aberta no colo, ela
viu sua derradeira sina, o celular não se encontrava lá. Azar de mais pra uma
vez só.
- Bem que aquele louco do Victor poderia se tornar algo
útil hoje... – Falou em voz alta para quebrar o silêncio.
Na esquina mais na frente Daniela viu um grupo de pessoas
passando, buzinou e fez sinal de luz. O grupo parou e um deles se destacou,
depois de caminhar um pouco em sua direção fez um gesto pros outros irem
andando.
Dentro do carro ela sentiu a espinha gelar, era ele, era
aquele louco. Batidinhas no vidro, ela baixou um pouquinho a janela.
- Problemas?
- O carro não quer pegar, tens um celular aí pra chamar o
guincho?
- Não, não tenho... Não quero que me roubem, então... Posso
dar uma olhada no motor?
Enquanto ela estava pesando a situação, pensando no perigo
que podia oferecer, ele acrescentou a sua frase.
- E quem foi que disse isso? – O sorriso foi magnânimo e
ela abriu o capô.
Um minuto depois ele bateu na porta do passageiro e pediu
para entrar, ela já estava mais relaxada e permitiu.
- Creio que esteja funcionando, só quero testar uma coisa
antes... – Victor se apoiou sobre as pernas dela pra olhar o painel de controle.
Daniela amaldiçoou a hora que teve vontade de colocar aquela saia curta.
Ao reerguer o corpo os dedos dele roçaram a barra da saia
brincando com a pele. Sorriso de um lado, cara amarrada do outro.
- Com sua licença, poderia sair do meu carro?
- Não. – Sentou confortavelmente. – Mereço uma carona no
mínimo, não?
Quando foi dar partida na ignição, ele segurou-a
interrompendo o movimento. Agora a pele fria e suja de graxa deixou um arrepio
na mão dela. Victor se inclinou para beijá-la.
- Não! – Gritou e se encolheu no banco.
Com um movimento rápido ele liberou a trava e fez o banco
dela reclinar.
- Fique calma. Só me diga por que não.
- Porque não quero.
- Isso não basta. – A mão dele começou a se insinuar por
baixo da saia.
- Claro que basta! Me solta! – Gritou mais uma vez.
Ele se esgueirou pra cima dela e beijou-a mais uma vez. Ela
tremeu e ficou sem fôlego.
- Isso me responde, mas eu não gosto de carros. Machucam
minhas costas.
E com essa frase saiu deixando pra trás o celular dela no
banco. Quando Daniela se recobrou e viu o aparelho ele já havia sumido da
vista. Havia um número novo na agenda.
Nos dias seguintes ela evitou sair de todos os custos e
ficava trancada em casa. Até a noite que não agüentou e ligou para o “louco”,
como ela havia renomeado no aparelho. Tocou até cair, ela tentou uma segunda
vez, dizia pra si mesma que era pra mandar ele se afastar dela, pra garantir
sua segurança, ele atendeu. Os dois ficaram em silêncio.
- Daniela, destrave a porta. – Ela obedeceu e desligou o
aparelho.
Uma onda de pensamentos invadiu sua mente, como, porque, de
que modo, a louca era ela, um desconhecido no seu apartamento, ela precisava
chamar alguém... A porta abriu e lá estava ele.
Ela correu para o telefone fixo e chegou a tirá-lo do
gancho, mas antes de discar Victor falou.
- E quem foi que disse isso?
Os passos decididos e a expressão do seu rosto fizeram ela
soltar o aparelho que ficou pendurado na mesinha.
Ele abraçou-a pela cintura e levou até a mesa da cozinha.
No meio dos abraços, já com partes do corpo desnudos ela falou entre sussurros.
- Aqui não pode, vamos para a cama.
Ele riu e aproveitou a deixa, para deixar bem clara as suas
intenções, arrancou as últimas peças de roupa dela.
- Ou é aqui, ou é na sacada. E quem, diabos, foi que lhe
disse algo desse tipo? – Ela manteve-se calada e passou a trabalhar para abrir
o botão da calça dele. – Hum... Prefiro assim.
Quando os dois já estavam totalmente enroscados sobre a
mesa, ele disse ao pé do ouvido dela.
- Vamos para a sacada... – Ela se segurou e fez que não com
a cabeça. – Eu odeio essas regras que nos implantam na cabeça. Bem que elas
poderiam não existir.
Ele passou a brincar com os seios dela. Daniela se retorcia
de prazer embaixo dele enquanto Victor estava se posicionando melhor sobre ela.
- Claro, sempre existem algumas regras, mas se não fossem
elas, como as quebraríamos? – E Victor passou a se divertir no pescoço dela.