quinta-feira, 11 de julho de 2013

Os Três Mosqueteiros

Hoje publico aqui minha primeira resenha de livro, espero que aproveitem e busquem ele para ler.
AC

Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas

O principal motivo que me levou a tirar esse livro das estantes do sebo que frequento, além da linda encadernação em ótimo estado de conservação de 1983, foi uma lembrança e curiosidade antiga sobre a flor-de-lis. Sabia que a marcação a ferro desse símbolo era um estigma de crime e que tinha uma personagem no romance que sofria por causa dele, no meu mundinho de emoções eu quis conhecer tal nobre e sofredora dama. Assim iniciei o que a principio foi um calvário, mas depois se tornou muito prazeroso, me fazendo odiar e adorar os personagens.
Esse livro sofre com uma piada antiga, onde se diz que os três mosqueteiros são quatro e na realidade o personagem principal nem é mosqueteiro na maior parte do romance! D’Artagnan é um jovem que sonha em se tornar mosqueteiro, para tanto sai da cidade interiorana onde cresceu e com a ajuda de seu pai recebe um cavalo, dinheiro e uma carta de indicação para um conhecido dele, o Sr. Tréville chefe dos Mosqueteiros do Rei, que poderia encaminha-lo em Paris. Toda a narração mostra as aventuras do jovem que acabam por se mostrar entrelaçadas com as histórias das outras personas do livro.
O começo da leitura me foi sofrida, a forma da escrita mais arcaica com referências históricas e culturais, a folha fina e amarelada da edição e a falta de personagens para gerar os diálogos profundos quase me fez abandonar o livro, mas esse é um pecado terrível que só cometi uma vez e pretendo nunca mais repeti-lo. Conforme vai avançando a história o nosso jovem herói, que no começo é puramente um folgado brigão, passa a conhecer e firmar vínculo com os outros personagens evoluindo moralmente e nós, leitores, passamos a acostumar com o palavreado de Dumas e frases como essa não nós assustam mais.
“Com tal vade-mécum, viu-se d’Artagnan, assim no moral como no físico, cópia exata do herói de Cervantes, ao qual com tanta felicidade o comparamos quando o nosso dever de historiador nos compeliu a debuxar-lhe o retrato.”
Antes de partir para uma visão mais individualizada dos personagens principais todos eles, sem exceção, possuem uma característica em comum: que é a evolução, eles crescem e aprendem com seus erros. Outra característica marcante em vários deles é a inocência e o cavalheirismo, virtudes essas que lhes permitiu passarem por situações que só com um pouco de desconfiança iriam evitar e alterar completamente o rumo da história ou que com uma atitude traiçoeira iriam deixar de converter um possível inimigo em um poderoso aliado.
É visível a mudança do gascão d’Artagnan que de jovem turrão que logo nas primeiras páginas já vai contra os conselhos recebidos para fazer seu próprio caminho à homem feito que aprende a esperar e seguir àqueles com mais experiência em determinados assuntos, sem nunca deixar a coragem e a sinceridade de lado, uma de suas marcas principais. Para fazer o par romântico do nosso herói temos a Sra. Bonacieux, a dama de companhia mais fiel da Rainha Ana da Áustria. Constança segue as ordens da monarca empenhando sua vida e é numa dessas missões que sua história cruza diretamente com a de d’Artagnan, após ter suspeitado das atitudes do marido, que por sinal é o senhorio do futuro mosqueteiro.
Muito importantes na história são os três mosqueteiros, Athos, Porthos e Aramis, cada qual com sua história individual marcante e importante para justificar as ações tomadas por eles. Athos é visto como o mais nobre dos três, um general, um pai que pune no momento da infração e abraça no instante do dolo. Porthos é o bruto, o mais explosivo, aquele que se mantém firme a qualquer custo principalmente se sua honra estiver em perigo. Já Aramis é o poeta, o amante e o padre ao mesmo tempo, ele possui a calma necessária para segurar o ímpeto dos seus companheiros e o traquejo com a sociedade para conseguir alguns favores. Cada um dos quatro amigos possui um criado muito fiel e ótimo escudeiro, vale citar seus nomes pois se tornaram peças importantes nas atividades de seus amos, são eles Planchet, Grimaud, Mousqueton e Bazin. Em determinado altura do livro é dito que se fosse possível fundir essas quatro almas, a criatura gerada seria o lacaio perfeito.
Dentro do quadro dos pretensos vilões temos o Cardeal Richelieu, um grande estrategista que se aproveitando do alto posto e o fato de conseguir manipular completamente o Rei Luis XIII guia uma gama de pessoas para fazer suas armadilhas e sair ileso, seja contra o Duque de Buckingham ou contra a aia da Rainha ou até mesmo da própria. Entre seus joguetes encontramos a linda Milady, uma bela dama que joga com a sedução de seu corpo e de suas palavras. Antes de ler este livro assisti e ouvi falar da história do quarteto diversas vezes, com seu famoso grito “um por todos e todos por um” já possuía uma noção de cada um dos personagens apresentados, mas Milady me surpreendeu. As tramas que ela engendrou, as pessoas que ela enganou, tudo isso foi me deixando com raiva dela, mas em determinado ponto da história senti pena, tive piedade para logo depois o meu nível de ódio atingir um ápice absurdo, para os que conhecem Game of Thrones, o meu sentimento por ela chegou ao mesmo nível que para com o Rei Joffrey no final da segunda temporada. Mas eu sou obrigada a confessar, apesar de tudo, que ela se tornou uma de minhas personagens favoritas.
Após ler 460 páginas desse romance histórico, um clássico da literatura, realmente acredito que o esforço inicial valeu cada palavra e frase desse livro. Termino a sua leitura apaixonada pelos lindos cavaleiros do Rei com seus chapéus emplumados e suas histórias contadas nas tabernas regadas a vinho. A nobreza de Athos, a pose de Phortos, a poesia de Aramis, a energia de d’Artagnan e até mesmo a beleza fatal de Milady.
Foto vindo diretamente do tio Google, mas a encadernação é a mesma da minha  cópia.

11 comentários:

  1. Só eu mesmo para esperar até essa hora para ler sua publicação... XD E bem... Apesar de ter adorado sua resenha, não vou conseguir ler esse livro, não teria essa paciência toda! XD

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    1. Ah môr, quem sabe um dia... ^^ Ok, não tenho como exigir isso de ninguém, muito menos de você! XD Mas é bom, sério! ^^

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  2. Nada melhor do que saber que a sensação de ser recompensado após um bom esforço. Imagino que essa deva ter sido o seu sentimento de ter uma ótima história após o sofrimento inicial ^^
    Incentivado pelas palavras do Ton, faço coro em dizer que eu me animei para ler essa publicação, mesmo sabendo que dificilmente iria terminar xD

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    1. Bom, quem sabe fazendo algum tipo de leitura dinâmica. Como a história já é conhecida, por causa das adaptações você pode ler pedaços aleatórios (viu, até combina) do livro. E sim, terminar o livro foi muito bom, fiquei pensando: "Nossa, e se eu não tivesse virado essa última folha eu não teria encontrado isso!" Mas confesso que em outros livros nem assim vai... -_-

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  3. Curti a resenha, me deixou com vontade de retomar esta leitura, pq, sim, eu abandonei. O começo é um pouco enfadonho, e na época eu queria ler outras cousas. Mas adoro essa linguagem, Dumas é um grande autor, sem dúvida.

    Sua resenha está bem interessante. =)

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    1. Obrigada e fico muito feliz de ter lhe reanimado! Na minha jornada com ele tiveram algumas pausas (principalmente na primeira parte) mas depois pegou um ritmo bom e foi rápido!

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  4. Oi, Ana! Não sei se você gosta desse tipo de coisa, mas respondi a uma tag e te indiquei ^^

    Queria aproveitar também e dizer que, apesar de hoje não estar mais com tanto tempo livre (depois de passear pela net o dia todo u_u'), gostei bastante do seu blog e quero lê-lo decentemente um dia desses :3

    http://suitkingdom.blogspot.com.br/2013/07/tag-conhecendo-o-blog.html

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    1. Oi Alice! ^^ Gostei disso sim, vou postar hoje mesmo.
      E esperarei você aparecer aqui outras vezes!

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  5. Li quando tinha uns 8 anos... é maravilhoso. E pretendo roubar essa edição de você na próxima vez que for visitar :)

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  6. Ei!!! Preciso comprar um cofre bem grande até lá! >.< E sim a história realmente é maravilhosa! ^^

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  7. Ok. Já havia lido esta resenha antes. Muito boa! Agora repassei com novos olhos e interesse. Já posso cumprir minha missão; espero!

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